19 de janeiro de 2015

Colecionadora de Borboletas


E eu já havia perdido meu medo delas. Daquelas inúmeras dúvidas sobre o porque de elas flutuarem e pousarem justamente naquele lugar que eu não as alcançava.
Mas eu já havia resolvido meu problema com elas. Eu as olhava pensando em quantas vezes elas viram o mundo mudar, pessoas se beijarem, casais se separarem, amizades acabarem e pessoas se suicidarem. Quantas vezes elas viram o mundo de alguns desabar? Mas por algum motivo elas ainda me intimidavam - e o quão estúpido pode soar essa frase?
Elas podiam enxergar o mundo de forma que eu jamais veria, elas podiam viajar quilômetros e conhecer os lugares mais fantásticos de um ponto de vista incrível. E porque elas me intrigavam desta maneira?
Muitas vezes me senti como uma borboleta sem asas, uma borboleta com medo de voar e cair no chão. Sinto-me como uma borboleta com medo de altura, tentando correr em direção a luz por ter aflição do escuro. E eu simplesmente não entendia os milhares de porquês que viam em minha mente cada vez que tentava entender tudo aquilo que eu tinha medo.
E não colecionava só borboletas. Colecionava o tempo, os momentos, as figuras e imagens que toda vez apareciam em minha mente. Colecionava amores e desilusões, saudades e o coração partido. E eu colecionava muito mais do que apenas borboletas. Guardava para mim todas aquelas frases insignificantes que ditas da maneira errada, poderiam me quebrar em pedaços. Guardo não somente borboletas. Guardo aquilo que me fere, que me atinge e que me desanima. Coleciono todas aquelas palavras cruzadas que não conseguira fazer quando criança e os finais de contos de fadas que me contavam quando era pequena. Porque eu colecionava além de desilusões, fracassos, conquistas, expectativas, felicidades e milhares de outras coisas que cabem em uma caixa de papelão. Coleciono meus sonhos e espero um dia poder guarda-los e substitui-los por realizações. Eu gostaria de colecionar tudo aquilo que me afasta do meu eu, mas percebo que a única coisa que me afasta de mim mesma, é o mundo.

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Um comentário:

  1. Não preciso dizer o quanto eu sou apaixonada por esse blog né? Não preciso dizer o quanto tu escreve bem, e como isso me acalma. Saber que não sou a única a pensar de um certo modo...daquele diferente da sociedade. Mano,você é incrível...por inteiro.

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