23 de junho de 2015

O problema na verdade, são eles



- DROGA, QUAL O MEU PROBLEMA CARA? - ela joga a garrafa de bebida em sua mão contra a parede, e olha para o garoto ao seu lado - Me diz, eu sou feia?

- Depende do ângulo que se olha Mandy - ele ri

- Olha Kaique, sem piadas, entendeu? - ela suspira - Eu sou chata, sou possessiva, sou grudenda?

Ele a olha, com certa pena talvez. Ela ali na sua frente, se culpando por que um relacionamento não deu certo, ou melhor, mais um a sua coleção. Amanda não levava muito jeito para essas coisas de amor. Ela acabava se ferrando no final, e se culpando alem de tudo. Era sempre assim, ela conhecia alguém, se encantava, e fazia em sua cabeça  " O Filme da Amanda", aonde no final aquele cara, era o escolhido para passar sua vida toda, mas  sempre, sempre  o seu filme congelava, antes dos créditos finais....

-Mandy, não ha nada de errado com você, talvez seja ….

- TALVEZ, TALVEZ, TALVEZ. A PORRA DESSA MINHA VIDA INTEIRA TEM SIDO ASSIM.- ela soluça- Se talvez ele me aturasse, se talvez desse certo, se ele tivesse tempo, se ele não tivesse saído de um longo relacionamento, se talvez fosse diferente…. Caramba, minha existência toda é um talvez? - ela toma um trago de qualquer bebiba que estava a sua frente - Talvez eu não devesse existir… é isso. 

Ele a olha incrédulo, por mais que sua melhor amiga fosse frágil, pequena e feita para se cuidar, ela nunca havia dito tal besteira. Pelo menos na frente dele.

- Amanda, você se ouviu? - ele pega em seu queixo, fazendo com que ela levante seu rosto - Digo, você ouviu a besteira que tu disse? E isso por que? Por causa de um filha da puta que te fez sofrer?

- Ele não foi o único Kaique, a questão toda é essa ….. Não foi um, não foram dois, foram três … - ela suspira - Três vezes que eu confiei em alguém, e esse alguém vai la e fode com tudo que eu ergui - ela o olha - Agora me diz, não tenho nem o direito de ficar depressiva por alguns dias? Não tenho o direito de ficar me perguntando os por quês?
- Depressiva? Claro que tem, agora, ficar burra não. - se levanta e começa a andar de um lado para outro, como se estivesse preso em algum lugar, ou querendo tirar Amanda de algum transe - Você já se olhou no espelho garota? Digo, não quando você acorda vai ao banheiro e escova os dentes e da aquele sorriso sem graça de 6:30 da manha . Quero dizer se olhar no espelho, dentro de você. Já parou pra pensar que você é incrível garota? -ele a olha - E pode parar com essa cara de choro pro meu lado. Anda , enxuga essas lagrimas, A-G-O-R-A.

- Mas …

- Mas merda nenhuma, isso não era amor Amanda, era gostar, era querer e isso. Quando é o amor vai por mim dói quando é pra doer, dói muito aliás. Sabe um faca atravessando o seu peito? Não chega nem aos pés da dor de amor. É uma coisa doentia, que mata cada pessoa que a sente, pouco a pouco. - ele para, respira e pensa mais um pouco - Mas sabe pensando melhor, o amor, quando é amor mesmo não dói. Ele faz ciúmes, faz briguinhas pequenas e passageiras. Ele te faz escrever cartas e poemas melancólicos e dignos de um CFA. Ele te faz ficar acordado altas horas da madrugada trocando sms com alguém, que tão doido por você, quando você por ele. Mas ele, o amor, não dói. Quando dói pode ser paixão, afeto, consideração, mas nunca amor.

Ele se aproxima dela, sente sua respiração, o calor do rosto dela. Desliza suas mãos por entre as faces rosadas e em chamas de sua amiga, e olha em seus olhos. Mas não pensem que é com malícia que ele faz esses gestos, é com carinho, com amor, amor de irmão…

-Mandy, o problema não é em você, nunca foi. O problema existe nos outros,é que eles não conseguem enxergar o que existe no fundo do seus olhos. Tocam tua pele, mas não teu coração - ele suspira - O problema na verdade, são eles …

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